Blog › 14/03/2017

O que Thomas Merton e Ali tem em comum?

Em 17 de janeiro de 2017, o jornal The New York Times publicou um artigo de opinião escrito pela viúva do icônico Muhammad Ali, ex-campeão mundial de box, categoria peso pesado, intitulado “O que Thomas Merton e Muhammad Ali tinham em comum”. Lonnie Ali abre seu artigo com uma referência à famosa “epifania” de Merton na esquina das ruas Quatro e Walnut, no centro de Louisville, estado de Kentucky, em março de 1958, citando a afirmação de William Shannon, biógrafo de Merton, de que, ao reconhecer a beleza secreta de cada uma das pessoas que ali encontrou, Merton tomara consciência do “glorioso destino que simplesmente vem do fato de ser uma pessoa humana e estar unido com o resto da espécie humana, não separado dela”, reconhecimento este que teve influência fundamental sobre seu compromisso ardoroso com a busca da paz e da justiça social durante a década final de sua vida.

Vinte anos mais tarde, aponta a Sra. Ali, a Rua Walnut foi rebatizada de Bulevar Muhammad Ali, que nasceu em Louisville, e, em 2008, no cruzamento foi criada a Praça Thomas Merton – “os caminhos divergentes dos dois homens se fundiram nos marcos permanentes da mesma rua da cidade”. A autora ressalta como é adequado esse encontro simbólico de duas figuras que defenderam a dignidade humana inerente a cada pessoa e se expressaram com clareza contra a guerra, a opressão e a pobreza, Merton como cristão e Ali como muçulmano. “É a convergência de sua mensagem de fé que cabe destacar ao marcar o que teria sido o 75º aniversário de Muhammad no dia 17 de janeiro”, escreve.

Embora não tenham se conhecido, “na década de 1960, suas vozes em defesa da paz e da justiça começaram a se fundir. Ambos haviam sido tirados de seus respectivos refúgios de realização literária e atlética pelo choque com as duras realidades de uma nação profundamente dividida pela guerra e pela desigualdade racial e social”, expresso pela recusa de Ali em participar da guerra do Vietnã, posição que acabou sendo aceita pela Suprema Corte dos Estados Unidos. Ambos também respeitaram e celebraram a diversidade religiosa e a cooperação interreligiosa, o que é vividamente ilustrado após a morte de Ali, em 3 de junho de 2016, quando “por indicação dele, o culto em sua memória foi celebrado por um imame e um acadêmico Islâmicos, dois pastores Batistas, dois Rabinos, um sacerdote Católico, um chefe tribal e líder de fé Indígena e um monge Budista.”

A Sra. Ali apresentou esses dois indivíduos tão diferentes como modelos para os americanos contemporâneos em um momento crítico para seu país e para o mundo. “Agora que os Estados Unidos estão mais uma vez divididos no rescaldo de uma eleição polarizada, faríamos bem em seguir o exemplo de Thomas Merton e Muhammad Ali em relação à diversidade, ao pluralismo e à fé. Sejam quais forem nossas diferenças, compartilhamos nossa comum humanidade, algo que sempre nós ligará uns aos outros. Precisamos encontrar maneiras de nos reconectarmos uns com os outros por meio do desenvolvimento da empatia e da retribuição.

Na verdade, os Estados Unidos sempre enfrentaram divisão em vários graus. O teste para os EUA sempre foi como lidar com sua divisão, como encontrar um propósito comum e persistir nele, e como tecer a tapeçaria de sua diversidade.” A íntegra do artigo pode ser acessado em: https://www.nytimes.com/2017/01/17/opinion/what-thomas-merton-and-muhammad-ali-had-in-common.html?_r=0

 

Fonte: Newsletter da ITMS, Primavera de 2017

 

Deixe o seu comentário





* campos obrigatórios.