Vida

Thomas James Merton nasceu no dia 31 de janeiro de 1915, em Prades, na França. Seu pai, Owen Heathcote Grierson Merton (1887-1931) era artista plástico, pintor, neozelandês de nascimento. Sua mãe, Ruth Calvert Jenkins Merton (1887-1921), que também pintava, era americana, do Estado de Ohio. Era o mais velho de dois meninos (John Paul Merton, nascido em 1918, morreu em 1943 durante a Segunda Guerra Mundial, num combate aéreo sobre o Canal da Mancha). Embora o pai de Thomas frequentasse a igreja muito raramente e sua mãe só de vez em quando participasse de reuniões dos Quakers, foi ele batizado na igreja anglicana, sem que isso tivesse muitas consequências para sua educação.

Em 1916, a família Merton muda-se para os Estados Unidos, onde vai morar em Long Island. Quando o pequeno Tom completa seis anos, sua mãe morre vítima de um câncer. Ele e seu irmão passam a morar com os avós. Entretanto, o pai, como antes, continua viajando muito para expor suas telas. Em 1925, o pai de Merton o leva para a Franca, onde o faz frequentar o Liceu em Montauban. Com quatorze anos de idade, Merton vai com o pai a Inglaterra, onde estuda como interno no Ginásio de Oakham (Ruthland). Neste período desenvolve-se nele um grande interesse pela literatura inglesa; lê William Blake, D. H. Lawrence, James Joyce.

Em 1931, o pai de Thomas morre em Londres em consequência de um tumor cerebral. Thomas, então, com dezesseis anos de idade, termina seus estudos em Oakham e se torna bolsista em Clare's College, na Universidade de Cambridge. Volta em 1933 para os Estados Unidos e vai morar com os avós. Entretanto, tinha viajado muito pela Europa durante as férias; especialmente Itália e Alemanha, cujas impressões utilizou no seu primeiro romance. Em 1935, com vinte anos de idade, entra para a Universidade de Colúmbia, onde estuda espanhol, alemão, geologia, direito civil e literatura francesa. Torna-se membro do movimento comunista de jovens e redator de arte do jornal estudantil Jester.

Thomas Merton

Por intermédio do livro The Spirit of the Medieval Philosophy, de Etienne Gilson, Thomas Merton começa a se interessar pela escolástica. Frequenta as aulas de Daniel Walsh, mais tarde grande amigo seu, sobre Santo Thomas e Duns Scotus. Nestes anos nasce uma amizade firme com Brahmachari, um hindu que lhe chama a atenção para a grande riqueza do cristianismo. Em 1938, frequenta brevemente a catequese do Padre Moore, em Nova York, que o admite a Igreja Católica no dia 16 de novembro daquele ano.

Aos vinte e quatro anos formou-se em literatura inglesa, recebendo o diploma de Mestre Graduado na Universidade de Colúmbia. Em seguida foi professor de inglês no City College de Nova York e crítico literário do New York Times e do New York Herald Tribune.

Os diálogos com seu amigo Robert Lax e do estudo de São João da Cruz, nasce o desejo de ser padre. Quis ser Franciscano, mas quando lhe explicaram, de maneira pouco delicada, que não tinha vocação, desistiu. De 1939 a 1941, Merton leciona inglês na Faculdade Franciscana de São Boaventura. Por dois anos que aí passa, Merton leva uma vida quase monástica. Escreve um diário, três romances - nenhum dos três é aceito para a publicação - e faz um retiro com os trapistas em Gethsemani (Kentucky).

Em 1941, Merton deixa São Boaventura e sob a direção da Baronesa Caterine de Hueck vai trabalhar entre a população negra do Harlem. Depois de uma segunda visita aos trapistas de Gethsemani, decide entrar para o mosteiro. Dá sua roupa aos negros do Harlem; seus livros aos franciscanos e a um amigo; rasga dois de seus romances e envia o que sobra: seus poemas, um manuscrito da novela Journal of my Escape from the Nazis e seu diário para o amigo Mark Van Doren.

Sozinho, uma maleta na mão, Thomas Merton chega a Gethsemani no dia 10 de dezembro de 1941. Tem, então, vinte e sete anos. Ai ficou até 1965 vivendo na comunidade, e ate 1968 viveu como eremita nos Bosques da Abadia. A publicação de sua autobiografia, A Montanha dos Sete Patamares, em 1948, fez dele, repentinamente, um autor internacionalmente conhecido, cujos livros e numerosos artigos aprofundavam a vida espiritual de muitos cristãos, e não-cristãos, do mundo inteiro.

Durante os vinte e sete anos de sua vida trapista, saiu do mosteiro apenas em bem poucas ocasiões. Com cinquenta e três anos, em 1968, obteve licença para uma viagem de peregrinação ao Oriente. Isto para participar de um encontro de monges e abades de mosteiros cristãos na Ásia. Esperava familiarizar-se com a espiritualidade contemplativa oriental. Visitou muitos mosteiros budistas e teve várias entrevistas com o Dalai-Lama. Dirigindo embates e fazendo conferências para monges e monjas.

No dia 10 de dezembro de 1968, logo depois de sua primeira palestra em Bancoc, foi encontrado morto em seu quarto. O contato com o fio exposto de um ventilador defeituoso causara sua morte instantânea. O corpo de Merton foi transportado para seu mosteiro e sepultado no dia 17 de dezembro em Gethsemani.