Blog › 19/03/2020

Recordação e sentido dos votos

“A paz peculiar e a doçura da tarde de São José, a delicadeza da misericórdia divina, o silêncio no ar – 11 anos desde a profissão solene, 14 anos desde a profissão simples!”

Merton na Intimidade (Fisus, 2001) p. 140

Thomas Merton anotou em seu diário no dia 19 de março de 1958, além do relato de sua Epifania, duas importantes ocasiões que todo monge guarda com carinho: o dia de seus votos (ou profissão).

Foi na solenidade de São José, no ano de 1944, que o jovem e recém convertido Merton decidiu-se pelo seguimento de Cristo na vida cisterciense, professando os votos simples perante Dom Frederic Dunne. Este mesmo Abade, 3 anos depois, acolheu os votos solenes – em 1947.

Afinal,

– qual a importância dos votos?

– quais os desafios para o monge?

Em outras palavras, a profissão monástica, que tem origem em um diálogo vivo com Cristo, levará o monge a um diálogo ainda mais total com o Senhor. Trata-se de um intercâmbio de amores que o monge tem que experimentar primeiro para dele fazer a melodia central de sua harmonia pessoal entre graça e natureza. Além disso, esse diálogo tem repercussões universais, uma vez que acontece no Corpo de Cristo e em nome de todos os homens.

As reflexões que seguem são de Dom Agustín Roberts, OCSO, um dos grandes mestres espirituais do monaquismo no dia de hoje. Monge cisterciense (trapista) da Abadia de Spencer, nos Estados Unidos, foi um dos fundadores da Trapa de Azul, na Argentina. Após 15 anos, retornou a seu Mosteiro de origem por dele ter sido eleito Abade. Depois de 12 anos à frente de Spencer, foi nomeado secretário do Abade Geral dos Trapistas e depois Procurador Geral da Ordem, residindo em Roma. Voltou depois a Argentina como Abade de Azul, renunciando ao cargo em 2008.

Os votos nos desafiam de atravessá-la e aumentar a sensibilidade nas suas perseguições. Só poderemos atravessá-la se considerar nossa vida sobre a rocha que é Cristo, não sobre a areia dos nossos sentimentos passageiros, motivos superficiais ou modas espirituais do momento.

Os votos nos desafiam de atravessá-la e aumentar a sensibilidade nas suas perseguições. Só poderemos atravessá-la se considerar nossa vida sobre a rocha que é Cristo, não sobre a areia dos nossos sentimentos passageiros, motivos superficiais ou modas espirituais do momento.

Uma vida de aniquilamento por amor a Jesus Cristo não pode ser triste, confusa ou amargurada. Se renunciarmos a tudo, inclusive a coisas boas, é para amar melhor e mostrar melhor a todos os homens o amor do Pai, que Jesus nos deu. Temos que aprender a deixar-nos invadir mais plenamente por esse amor, a fim de estarmos mais unido ao Amado.

Agustín Roberts, OCSO
VIDA MONÁSTICA (Lumen Christi, 1980) p. 178

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