Queridos amigos!
Como eu gostaria de participar convosco nesta comemoração dos 50 anos da morte de Thomas Merton em São Paulo!
Quando comecei a corresponder-me com Merton em 1961 e o visitei um ano depois, jamais pensei que acabaria sendo um dos seus biógrafos e, também, uma das poucas testemunhas pessoais que estiveram em contacto com ele. Porque eu não esperava viver tanto tempo. Mas não me surpreendi que Merton ainda tenha um papel importante em tantas vidas, como testemunha este encontro aqui, neste Belo país, o Brasil.
Thomas Merton fez a diferença na vida de muitas pessoas e influenciou algumas das nossas principais escolhas vocacionais. Nós nos voltamos para ele à procura de encorajamento, inspiração, orientação… nós nos voltamos para ele como uma fonte de conexão e coragem, tanto na nossa vida espiritual como política.
Em 1966, num período de profundo desânimo na minha vida pessoal, escrevi a Merton, implorando alguns conselhos. Ele respondeu com uma carta que muitas vezes foi traduzida e partilhada – Carta para um Jovem Ativista – que me ajudou muito a superar a noite escura que então me envolveu.
A frase na carta que mais me esclareceu talvez tenha sido esta: “No final, é a verdade das relações pessoais que salva tudo”.
Estas simples palavras resumem a teologia da encarnação. Slogans e teorias não são tão importantes quanto a forma como vemos e nos relacionamos – nas relações que construímos – não apenas com os amigos, mas também com os adversários.
Merton nos lembra que somos chamados a estabelecer contacto da melhor maneira possível, com as pessoas que procuramos evitar, pessoas com quem preferimos não rezar, pessoas cuja transformação nem imaginamos, pessoas que preferimos continuar a ter como inimigos, em vez de nos tornarmos amigos…
Talvez Merton possa ajudar-nos nesta nossa caminhada. Desejo-lhes as maiores felicidades nesta celebração da vida de Merton.
Na paz de Cristo,