Blog › 06/08/2018

JÓ e THOMAS MERTON

Suas Experiências de Deus e a Realização da Integridade

por Anne Page Brooks

Tradução de Sieni Campos

Por meio de suas experiências de Deus, tanto Jó quanto Thomas Merton ganharam um novo entendimento de si mesmos e o fortalecimento de sua integridade. A vivência de uma realidade superior abriu suas mentes para novas maneiras de pensar, que lhes permitiram transcender velhos conceitos transformando-os em novos sentidos. Tanto a transcendência quanto a transformação seguiram-se a intensas experiências de sofrimento que reduziram os egos, antes apoiados em riqueza material e prazer físico, assim possibilitando o crescimento espiritual. Jó, como figura bíblica do Antigo Testamento, e Merton, como monge trapista em Gethsemani, foram diferentes, mas suas vidas estão metaforicamente ligadas por seu crescimento em direção à integridade por meio de sua experiência de Deus.

Ambos, Jó e Merton, tinham capacidade de crescimento. O crescimento de Jó proveio de sua recusa em ignorar a incoerência entre sua visão convencional de Deus e sua experiência de sofrimento não merecido. De acordo com a compreensão convencional de seu tempo, Deus fazia os bons prosperarem e os maus, sofrerem. Apesar da experiência de sofrimento não merecido de Jó, seus amigos nunca abandonaram esta visão dogmática. Na verdade, um deles acusou o “irrepreensível” Jó de receber menos do que merecia. Mas Jó sabia que seu sofrimento não era merecido; assim, insistiu em defender-se perante Deus, pois acreditava que Ele o isentaria de culpa. Em outras palavras, Jó recusava-se a ignorar a experiência de seu sofrimento e as indagações que este suscitava a respeito de seu entendimento de Deus.

Talvez seja útil recordar agora o sofrimento que Jó vivenciou. Dizem-nos que Jó era um homem irrepreensível, reto, temente a Deus. Fizera tudo que a lei divina lhe exigia. Portanto, sua vida era descrita em termos de perfeição: “Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. Possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de boi cinco e quinhentas jumentas.” Contudo, sua vida mudou inesperadamente. Primeiro, todo o seu gado lhe foi tirado. Depois, seus filhos foram mortos em um furacão e, por fim, seu corpo foi coberto de chagas. Dizem as escrituras que, durante tudo isto, Jó não proferiu uma única palavra pecaminosa. Ou seja, nunca acusou Deus de injustiça. Por sete dias e sete noites, sentou-se com três amigos que tinham ido confortá-lo, mas ninguém disse uma palavra porque seu sofrimento era muito grande. Então Jó rompeu o silêncio e amaldiçoou o dia em que nascera. Seus amigos o exortaram a ser paciente pois, como disseram, ninguém jamais vira um inocente perecer. No entanto, Jó recusou-se a ignorar a incoerência entre a teologia de seu tempo e a realidade do seu sofrimento. Embora tivesse vivido segundo a sabedoria aceita em sua época, sua vida fora destroçada. Assim, Jó desesperou de encontrar algum sentido na vida. Descreveu seu desespero em termos do terror que o perseguia:

Sucede-me o que mais temia,

o que mais me aterrava acontece -me.

eu não repouso:

o que vem é a agitação!

Bíblia de Jerusalém Jó 3,25-26

Como se sabe, contudo, o padecimento físico e espiritual de Jó permitiu-lhe superar a imagem de Deus que não era mais verdadeira para ele. Em um sentido, a perda de bens materiais reduziu o ego que se apoiava na riqueza material e, assim, a mente de Jó pôde ser aberta e ir além do nível material, avançando para a possibilidade de uma nova imagem de si. Ao reduzir o ego apoiado na riqueza material, o Deus da visão estabe­lecida, entendido em termos de recompensas e punições, pôde ser transcendido por um novo entendimento de Deus. Pelo fato de recusar-se a fechar a mente à realidade do sofrimento não merecido, Jó acabou sendo capaz de transcender sua experiência do Deus da visão convencional. Ao recusar-se a ignorar a realidade da nova experiência, Jó transcendeu sua velha experiência de Deus como legislador, abrindo a mente para a possibilidade de uma nova imagem de Deus. Deus como legislador foi assim transformado em uma nova imagem de Deus como presença criativa. Assim sendo, uma teologia aberta, de processo criativo, transcendeu uma teologia fechada e estática. Esta transcendência foi conseguida por meio do pensamento integrativo, que não eliminou a velha imagem de Deus como legislador previsível. Na verdade, integrou-a a um novo significado que transformou a imagem antiga. Ao formar uma imagem de Deus agora integrada, Jó descobriu que a vida boa não se encontra na riqueza material, e sim na relação criativa com Deus.

Por meio do processo de pensamento integrativo, a nova imagem de Deus que Jó constituiu levou-o a um novo entendimento de si e à maior integridade. De início, a integridade de Jó era uma questão de correção ou retidão, e ele a mantinha recusando-se a ignorar as experiências punham em cheque seus antigos modos de pensar. Com a descoberta de uma nova imagem de Deus, sua integridade expandiu-se e incluiu um novo entendimento de si. Em outras palavras, Jó transcendeu seu conceito de si mesmo baseado em riqueza material quando vivenciou a ideia mais elevada de si que descobriu na relação com a presença criativa de Deus. Isto é revelado na resposta de Jó ao que Deus lhe diz:

Reconheço que tudo podes e que nenhum dos teus desígnios fica frustrado.

Falei de coisas que não entendia, de maravilhas que me ultrapassam.

Conhecia-te só de ouvido, mas agora viram-te meus olhos: por isso, retrato-me e faço penitência no pó e na cinza.

Bíblia de Jerusalém Jó 42, 2-6

Thomas Merton também ganhou novo entendimento de si e maior integridade por meio de sua vivência de Deus. Em A Montanha dos Sete Patamares, Merton conta como descobriu seu verdadeiro eu, como foi transformado por experiências de uma realidade superior. Assim como Jó, Merton transcendeu seu antigo eu através de um processo de vivências integradores da realidade superior de Deus.

O Inferno e o Purgatório de Dante deram a Merton um entendimento metafórico da natureza de seu velho eu. Conhecer Dante foi o maior benefício que Merton diz ter obtido da Universidade de Cambridge. À época, contudo, nenhuma das ideias de Dante enraizou-se firmemente em Merton, e ele também não as aplicou a si mesmo. "Não!”, disse Merton, "Parecia que eu estava blindado e trancado em meu eu defeituoso e obcecado por sete camadas impermeáveis - os pecados capitais que só as chamas do purgatório ou do amor divino (são praticamente a mesma coisa) poderiam queimar.”1 O endurecimento da vontade de Merton contra qualquer realidade mais elevada do que os impulsos e paixões de seu ego ocorreu nos meses subsequentes à morte de seu pai. Quando seu pai faleceu, não restou mais barreira alguma que impedisse sua "própria vontade de fazer o que quisesse” (MSP, p. 81). Como ele recordou:

Foi também neste ano que a dura crosta de minha alma ressequida espremeu para fora os últimos resquícios de religião que ainda estavam dentro de mim. Não havia espaço para nenhum Deus naquele templo vazio, cheio de poeira e entulho, que eu agora fechava ciosamente contra qualquer intruso, para dedicá-lo ao culto de minha própria estúpida vontade.”

(MSP, p, 81)

Merton viria a considerar essa liberdade da autoridade como "um terrível cativeiro”. Cativo de sua própria vontade egoísta, sua mente estava fechada a qualquer realidade superior. Retrospectivamente ele consideraria esses anos durante os quais sua alma era um cadáver como a vida no inferno vivida pelos padrões de um cão vira-latas (MSP, p. 6). No entanto, escalar a montanha dos sete patamares do Purgatório tornou-se possível devido à abertura gradual de sua mente à realidade superior de Deus.

Quando Merton tinha dezoito anos, duas vivências em Roma abriram sua mente para a realidade superior de Deus e o ajudaram a perceber a possibilidade de um novo eu. A primeira foi a experiência com os mosaicos antigos nas igrejas de Roma. Esses mosaicos, como ele escreveu, falavam-lhe mais do que ele até então sabia "da doutrina de um Deus de infinitos poder, sabedoria e amor que se tornara homem e revelara em sua humanidade a infinitude de poder, sabedoria e amor que era sua divindade” (MSP, p.102). Recorda Merton: "Naturalmente, eu não podia assimilar e acreditar nessas coisas explicitamente. Mas, estando elas implicitamente em cada linha dos quadros que eu contemplava com tal admiração e amor, certamente eu as assimilava implicitamente. (MSP, p.102). Procurando descobrir algo do significado dos mosaicos que vira, Merton recorreu a um texto da Vulgata que comprara e começou a ler o Novo Testamento. À medida que lia cada vez mais os Evangelhos, seu amor pelas igrejas antigas e seus mosaicos crescia. Logo começou a visitá-las não apenas por sua arte. Escreveu:

Havia algo mais que me atraía: uma espécie de paz interior. Gostava de ficar nesses lugares sagrados.
Tinha uma espécie de convicção forte e profunda de que meu lugar era ali: De que minha natureza racional estava plena de desejos e necessidades profundos que só encontrariam satisfação nas igrejas de Deus.

(MSP, p.103)

A abertura da mente de Merton à esfera da realidade superior de Deus por meio da experiência dos mosaicos uniu-se naquela noite à visão de seu pai que o colocou frente a frente com a inautenticidade de sua vida. O pai de Merton falecera havia mais de um ano, mas, como Merton recordou, "sua presença foi tão viva, real e chocante como se tivesse tocado meu braço ou falado comigo " (MSP, p.104). Nem seu pai nem sua mãe deram a Merton uma instrução religiosa formal. Após a morte de sua mãe, quando ele tinha seis anos, a única instrução religiosa e moral valiosa viera de seu pai. Merton recordou:

Meu pai nunca teve o propósito direto e programado de me ensinar religião. Se algo de espiritual havia em sua cabeça, isto brotava mais ou menos naturalmente. E este é o tipo de ensinamento religioso, ou de qualquer outro tipo, que produz maior efeito.

(MSP, p. 54)

Em seu quarto naquela noite em Roma, a experiência da presença de seu pai mostrou-lhe de forma "súbita e profunda” a infelicidade e corrupção de sua vida. Relembrando aquele momento, disse:

Fui transpassado por uma luz que me fez compreender um pouco da condição em que me encontrava. Fiquei horrorizado com o que vi e todo o meu ser revoltou-se contra o que estava dentro de mim; minha alma queria escapar e libertar-se de tudo isso com uma intensidade e urgência que jamais eu tinha conhecido antes. E nesse instante, acho eu que pela primeira vez na vida, comecei realmente a rezar…

(MSP, p.104)

A súbita aparição do pai de Merton fundiu-se à realidade de Deus descoberta nos mosaicos e, pela primeira vez, Merton vivenciou a humildade necessária para abrir a mente a experiências que levariam à descoberta de seu verdadeiro eu. Merton começou a rezar pela libertação da sombria corrupção em sua vida revelada pela luz da realidade superior de Deus. Mais tarde, comparou a receptividade a esta realidade ao efeito de um raio de luz sobre um cristal:

A alma do homem, deixada ao seu plano natural, é um cristal potencialmente translúcido abandonado na escuridão. Ela é perfeita em sua própria natureza, mas falta-lhe algo que só pode receber de fora e de cima. Mas quando a luz brilha nela, transforma-se de certo modo na luz e parece perder sua natureza no esplendor de uma natureza maior, a natureza da luz que está nela.

(MSP, p. 156)

A integração da imagem de Deus descoberta nos mosaicos com a visão de seu pai abriu a mente de Merton para a possibilidade de transcender seu velho eu. No entanto, a humildade que permitiu esta integração foi apenas a primeira etapa no crescimento que o levou à integridade antes esquiva. As ideias de pensadores influentes também ajudaram Merton a transcender seu eu egocêntrico.

As leituras de Merton foram amplas. O livro O Despertar do Mundo Novo, de Aldous Huxley, convenceu-o de que há uma ordem sobrenatural e de que existe "a possibilidade de um contato real, experimental com Deus" (MSP, p. 170). Aprendeu com Huxley algo ainda mais importante: que o caminho para esta experiência de Deus era libertar o ego do amor-próprio por meio de oração, fé, desapego e amor. Seu principal problema era o fato de não querer negar as paixões que o moviam. Intelectualmente, contudo, Merton acreditava que, para viverem de forma diferente dos animais selvagens, os seres humanos precisavam praticar oração e ascese.

A poesia de William Blake também convenceu Merton da necessidade de uma fé vital. Ao concluir sua tese sobre Blake, Merton tomou consciência de que a única maneira de viver é viver em um mundo "cheio da presença e realidade de Deus" (MSP, p.174). Mas esta ainda era apenas uma constatação intelectual. O processo de integração ainda não havia libertado sua vontade da sujeição às paixões egoístas que continuavam a movê-lo.

Mas O espírito da filosofia medieval, de Étienne Gilson, motivou Merton a tomar as medidas necessárias para ter uma vida nova (MSP, p.186). Sob a influência da obra de Gilson, Merton não só aceitou intelectualmente toda a gama e possibilidades da vivência da realidade superior como começou a desejá-la. Decidiu ser batizado. Mas o batismo não modificou notavelmente sua vida interior. Apesar de seu compromisso intelectual de viver uma nova vida, Merton continuou a viver como antes, preferindo satisfazer seus próprios desejos antes de mais nada. Pelo fato de ter professado publicamente sua crença em Deus e nos ensinamentos da Igreja, ele pensou ter começado uma nova vida, mas descobriu que seus apetites ainda o cegavam. Até o bem que ele buscava como escritor alimentava o seu "antigo egoísmo" de ver-se exteriorizado em um eu público, impresso e oficial que podia admirar à vontade (MSP, p. 214). Com sua vida interior ainda engessada por seus desejos egoístas, Merton descreve a si mesmo da seguinte maneira:

Eu realmente acreditava nisso: fama e sucesso. Queria viver nos olhos, boca e mente das pessoas. Não era tão estúpido a ponto de querer ser conhecido e admirado pelo mundo todo; havia certa satisfação ingênua na ideia de ser apreciado apenas por certa minoria. Isso dava um encanto especial a este impulso dentro de mim.

(MSP, p.214)

Em outras palavras, o batismo só resolveu o problema de Merton a meias. A espiritualidade dos mosaicos, o autoexame motivado pela "aparição" do pai, além das ideias de pensadores como Huxley, Blake e Gilson abriram sua mente para a realidade superior de Deus, mas sua vontade continuou amarrada às paixões do amor-próprio. O problema que permanecia era o de transcender o amor-próprio transformando-o em amor a Deus.

Merton veio a perceber que a integridade que passara a desejar continuaria esquiva se sua vontade não fosse integrada ao seu intelecto. Isto só seria possível, pensou ele, quando ele entregasse totalmente sua vontade a Deus. Assim sendo, veio a perceber a necessidade de solidão e de uma Regra:

Eu precisava que a solidão se expandisse em largura e profundidade e que eu fosse simplificado sob o olhar de Deus da maneira como a planta desdobra suas folhas ao sol. Isto significava que eu precisava de uma Regra que se destinasse quase inteiramente a desapegar-me do mundo e unir-me com Deus.

(MSP, p. 236)

Assim pensando, Merton decidiu passar a Semana Santa de 1941 com os trapistas em Gethsemani. Ficou impressionado com a simplicidade absoluta dos monges. "Tudo era extremamente simples, puro, correto”, ressalta, “e acho que nunca vi nada, em parte alguma, tão espontâneo, tão natural como o procedimento desses monges" (MSP, p. 298). Tornou-se claro para ele "que o monge, ao se esconder do mundo, não se torna menos ele mesmo, menos pessoa, mas muito mais pessoa, mais verdadeira e perfeitamente ele mesmo " (MSP, p.299). Em Gethsemani, Merton viu na vida dos monges a integridade que lhe escapava. Por meio desta experiência, compreendeu a importância da solidão e da contemplação no processo de preparar-se para a integração de seu intelecto e sua vontade.

Merton decidiu buscar uma vocação no mosteiro. Haviam transcorrido três anos desde seu batismo, quando ele iniciara a difícil subida da montanha do purgatório. Muitas experiências haviam-se reunido em sua mente para revelar-lhe a realidade superior de Deus à luz da qual viu sua vida como estando cheia de orgulho e amor-próprio. Através da integração de várias experiências, seu intelecto foi o primeiro a abrir-se para a realidade superior de Deus, mas sua vontade só foi transformada quando ele escolheu uma vida de contemplação. Solidão e contemplação o levariam a desistir de todas as coisas que o impediam de realizar a integridade que buscava — o eu que estava destinado a ser.

Solidão e contemplação na vida de Merton estão metaforicamente ligadas com a perda das posses materiais na vida de Jó. Em ambos os casos, a redução das coisas materiais foi essencial para a descoberta de um novo sentido. Jó perdeu todas as posses materiais antes que sua velha imagem de Deus como legislador fosse transformada em uma nova imagem de Deus como presença criativa. Merton teve de escolher uma vida de solidão e contemplação antes que o seu velho eu de impulsos e ambições egoístas pudesse ser transformado no verdadeiro eu que ele estava destinado a ser. Para poder encontrar um novo sentido para suas vidas, tanto Jó quanto Merton tiveram de transcender seus velhos conceitos do eu, transformando-os na Visão da realidade superior de Deus. Esta transcendência foi possível por meio da integração de novas experiências. Contudo, antes que o processo de transcendência pudesse ocorrer, tanto Jó quanto Merton vivenciaram intenso padecimento que abriu suas mentes à possibilidade de um novo sentido. Por meio de sofrimento físico e angústia espiritual, o velho eu de Jó, definido por riqueza material, foi reduzido e depois transformado em um novo conceito do eu determinado pela relação criativa com Deus. Sofrimento pessoal intenso impulsionou Merton a romper o apego idólatra a seu velho eu. A seguir, começou a buscar a sério o seu verdadeiro eu. Através de um processo de integração de vivências de uma realidade superior a uma vida agora marcada pela humildade que vem do autoexame, Merton escalou gradualmente a montanha dos sete círculos do Purgatório em direção ao cume onde a integração final começaria a acontecer no mosteiro trapista de Gethsemani.

Com base nos dois estudos de caso, de Jó e Thomas Merton, empenhei-me em demonstrar o processo de transcender conceitos antigos transformando-os em novas maneiras de pensar por meio da integração de novas ideias e experiências. As barreiras a esta transformação foram a visão convencional que Jó tinha de Deus, que servia de base a um sentido enganoso do eu, e o amor-próprio de Merton, que o cegava para o eu que ele estava destinado a ser. Entretanto, Jó e Merton superaram estas barreiras. Após intenso sofrimento físico e espiritual, ambos descobriram Deus à luz de quem o antigo eu de cada um foi transformado. Estes dois estudos de caso demonstram como velhos modos de pensar são transformados em novos sentidos através de um processo de pensamento integrativo que começa pela abertura a uma realidade superior.2 Além disso, ilustram como é possível trabalhar em prol da integridade das pessoas através da integração de velhos conceitos a outros novos à luz de uma compreensão cada vez mais elevada de Deus.

NOTAS

1. Thomas Merton, A Montanha dos Sete Patamares (Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2005, p. 113. De agora em diante, indicado no texto por suas iniciais MSP.
2. Em relação ao marco teórico deste ensaio, devo muito aos trabalhos publicados e não publicados do meu colega Professor Un-chol Shin. Ver, especialmente, "The Structure of Interdisciplinary Knowledge: A Polanyian View," Issues in Integrative Studies 4 (1986), pp. 93-104.

Anne Page Brooks é Presidente do Departamento de Ciência Humanas em Eastern Kentucky University, em Richmond (Kentucky, EUA)
O presente artigo foi publicado originalmente no Merton Seasonal de 1989 (ano 14, volume 2)

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