Blog › 08/03/2019

Irmão Patrick Hart, OCSO

Patrick Hart, o último secretário de Thomas Merton, morreu nesse dia 21 de fevereiro, aos 93 anos.

por Jonathan Montaldo
tradução: Sieni Campos

Após a Páscoa, 1974 , eu tinha terminado minha tese na Universidade de Emory: Toward the Only Real City in America: Paradise and Utopia in the Autobiography of Thomas Merton (Rumo à Única Cidade Real nos Estados Unidos: Paraíso e Utopia na Autobiografia de Thomas Merton). Fui encontrar-me com Patrick Hart em Getsêmani pela primeira vez, como um gato que leva um camundongo para que ele me notasse. Tinha me encontrado com meu parceiro, Robert Moore, no Sábado Santo. Juntos pintamos ovos para a Páscoa. Eu trouxe um para Patrick como primeiro presente. Achei que ele o guardaria em sua cela. Segurou-o por um momento, mas depois o colocou em uma fenda dos muros de tijolo de Getsêmani. “Aqui fora vai estragar”, pensei. Estaria me dizendo que meu presente não era para ele?

Como fazia com muitos outros, Patrick passou a ser meu mentor. Ajudava-me a me orientar na direção aonde minha busca me levasse. Nos amávamos. Se ele tivesse sido um jovem fogoso aos vinte anos, poderia ter sido meu pai. Todo Natal, a partir dos meus quarenta anos que ele havia abençoado, eu lhe escrevia para dizer que ele era o pai dos melhores anos da minha vida. Ele ficava na arquibancada, torcendo por mim. Deu-me a missão de uma vida. Enviou-me ao meu caminho.

Os que o embalsamaram fizeram um ótimo trabalho. Seu rosto nunca foi tão belo. Ele estava radiante, por fim bonito. Pensei que ele teria ficado contente se tivesse olhado para si mesmo lá de cima e tocado seu peito como eu fiz com minha própria mão direita para dizer obrigado e adeus.

Permaneci ao pé de sua sepultura depois que as pessoas se dispersaram. Olhei para baixo e joguei um punhado de terra. Esperei enquanto o noviço iniciava sua tarefa com a pá no momento em que começava a chover.

Percebi que ele preenchia primeiro o espaço ao redor do corpo de Pat. Hesitou em chegar à cabeça para a qual eu olhava fixamente através do tecido que a cobria. A terra não me assustava, mas aprovei silenciosamente a delicadeza do noviço.

Em 2016 nos encontramos pela última vez em seu quarto na enfermaria. Sabíamos que não haveria outra visita. Abraços e lágrimas. Ele vestia uma camisa xadrez e tirou do bolso uma de minhas cartas. Disse-me que a guardava bem perto do coração. Não me iludi. Sabia que ele tinha gavetas de arquivo cheias de bilhetes e cartões de muitas pessoas do mundo todo. Dependendo do visitante, pegava um de seus bilhetes, colocava-o no bolso do coração e o apresentava como prova: “Veja como você foi o único que amei.” Ha! Mas não senti ciúmes.

Ele tinha 93 anos, era rico em experiência, amado pelo coro dos que salvou com gentileza e bondade. Sou um dos que cantarão seus louvores até o dia de minha morte. Pai dos melhores anos de nossas vidas, ele repousa por um momento em nossos corações, sempre só de passagem, deixando seus presentes de alegria e paz, instigando-nos a trabalhar mais e melhor.

Jonathan Montaldo é escritor, editor, pregador de retiro e conferencista internacionalmente reconhecido. Seus trabalhos promovem o legado de Thomas Merton e seu ensino sobre a tradição monástica contemplativa, um caminho ainda vibrante e acessível para aqueles que buscam transformar a qualidade de suas vidas diárias.

After Easter, 1974. I had finished my thesis at Emory: “Toward the Only Real City in America: Paradise and Utopia in the Autobiography of Thomas Merton.” I went to meet Patrick Hart at Gethsemani for the first time, like a cat bringing a mouse so he would notice me. I had met my partner, Robert Moore, on Holy Saturday. We dyed waxed eggs together for Easter. I brought one for Patrick as a first gift. I thought he would take it to his cell and treasure it. He held it for a moment but then put it in a chink of Gethsemani’s brick walls. “It’s going to get ruined out here,” I thought. Was he telling me my gift was not for him?

As he did so many others, Patrick went on to mentor me. He helped me reach out for whatever it was I was stretching for. We loved one another. If he had been a randy twenty-year-old, he could have been my dad. Every Christmas, beginning in my forties that he had blessed, I would write him to say that he was the father of the best years of my life. He stood on the sidelines, cheering me on. He gave me a life’s mission. He sent me on my way.

Whoever embalmed him did a great job. His face never looked more beautiful. He was radiant, at last handsome. I thought he would be pleased were he looking down at himself and touching his chest as I did with my own right hand to say thanks and good-bye.

I stayed at the foot of his grave as the crowd dispersed. I looked down and threw in some dirt. I waited while the novice started to shovel just as it began to rain. I noticed he began filling in along the edges of Pat’s body. He hesitated to hit his head that I stared down at through the cloth covering it. I was not fearful of the dirt, but I silently commended the novice’s delicacy.

In 2016 we had a final meeting in his infirmary room. We knew this visit was it. Hugs and tears. He was wearing a plaid shirt and he pulled one of my letters from its pocket. He told me he kept it there right next to his heart. I was not fooled. I knew he had file drawers full of notes and cards from everyone everywhere. Depending on his visitor, he would retrieve one of their notes, place it in the pocket of his heart and offer it to them as Exhibit A: “See how much I loved only you.” Ha! But I was not jealous.
He was 93, rich with experience, loved by the chorus of those he saved with kindness. I am one of these who will sing his praises until I myself am dead. The father of our best years, he rests awhile in our hearts, always only passing through, leaving behind his gifts of joy and peace, urging us on to do more and better work.

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