É o Espírito Santo que nos conduzirá à contemplação
(…) a Igreja é guiada pelo Espírito de Deus, que tudo abraça em sua infinita simplicidade. O Espírito Santo é a Vida da Igreja, e é, também, a fonte e o motor de sua oração. É o Espírito Santo quem ora na liturgia; e, quando rezamos com a liturgia, o Espírito Santo, Espírito de Cristo, reza em nos. Ele nos ensina a orar, orando em nos. Não somente nos dá as palavras que devemos proferir e cantar, como as canta, Ele próprio, em nossos corações. E quando, como inevitavelmente há de acontecer, estamos longe de compreender ou apreciar o que significam essas orações, o Espírito de Deus “auxilia a nossa fraqueza”, pedindo por nós, com um fervor de infinito amor que jamais seremos capazes de compreender. Diz São Paulo que “nenhum homem conhece as coisas de Deus, mas somente o Espírito de Deus as sabe”. “Ora, não recebemos o espírito deste mundo, mas o Espírito que é de Deus, para que possamos conhecer as coisas que nos são dadas por Deus”. Este texto nos diz, com evidência, não apenas que toda a nossa contemplação é obra produzida em nos pelo Espírito Santo, mas também que o Espírito Santo nos ensina a contemplação nas Escrituras, por Ele próprio inspiradas, porque a palavra revelada por Deus é uma das mais importantes entre essas “coisas que nos são dadas por Deus”.
É, pois, o Espírito Santo que nos conduzirá à contemplação, desvendando-nos as profundezas do sentido oculto nos salmos. Nós O recebemos, esse Espírito Santo, no batismo. Nosso progresso na Vida sobrenatural, que é também a Vida de oração interior, significa, normalmente, uma revelação progressiva de Deus a nós, em nossas almas e em todos os dons que nos faz.
Thomas Merton, O Pão no Deserto (Vozes, 1958), página 58