Merton na Ásia › 29/10/1968

Calcutá para Nova Deli

O Diário da Ásia registra a excitação de Merton ao enxergar os Himalaias:

 

O voo de Calcutá para Nova Deli, esta manhã, foi afinal muito bonito. Começou com tempo nublado e tormentoso, mas, de repente, olhei para fora e lá estavam os Himalaias, a muitas centenas de milhas distantes muralha branca, terrível e imensa, com as montanhas mais altas que já vi. Reconheci as que ficam por trás de Pokhara, como Annapurma; pude distinguir as mais altas no conjunto, mas não em destaque. Everest e Kanchenjunga estavam muito distantes. Uma outra enorme, maciça, destacava-se, mas eu não a soube identificar. E o rio Ganges. Lé embaixo, a planície imensa feita de retalhos minúsculos de granjas, aldeias, estradas, canais. Belíssima colcha de retalhos. A seguir, a planície seca em redor de Deli. Rochas. Aldeias queimadas. Desci do avião e logo declarei que o ar de Nova Deli é melhor do que 0 de Calcutá e me sinto feliz em estar aqui. Harold Talbott estava no aeroporto e também um homem da Birla que veio esperar Huston Smith com seu filme sobre os monges tibetanos, que deseja exibir para o Dalai Lama. Devemos subir de trem para Dharamsala na próxima quinta-feira.

O Diário da Ásia, 39

Harold Talbott: estudante americano de Budismo que se tornou católico quando do seu primeiro ano em Harvard (1959) e foi crismado na Abadia de Gethsemani, onde recebeu a bênção de Merton. Talbott organizou as entrevistas de Merton com o Dalai Lama e com certo número de outros lamas tibetanos em Darjeeling e Dharamsala. Viajaram juntos, várias semanas, no norte da Índia a passaram oito dias em semi-retiro na casa de campo que o Dalai Lama havia posto à disposição de Talbott em Dharmsala.

Merton anota em seu diário ter “muita coisa para ler: The Theory and Practice of the Mandala de Tucci”; e sobre Mandalas esboça a seguinte opinião:

Todo esse negócio de mandala, porém, acho que pelo menos para mim, não vai servir de nada. É muito interessante, mas não tem propósito  eu buscar nisso alguma coisa que servirá a minha própria iluminação. Por que complicar o que é simples?

Diário da Ásia, 42

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