Blog › 25/03/2021
A mãe é toda de seu filho
Ao fim do terceiro mês depois da Anunciação que é junho,
A mulher a quem Deus mesmo se uniu
Recebeu o primeiro golpe de seu filho e a palpitação de um coração sob o seu coração.
Ao seio da Virgem sem pecado iniciou-se uma nova época.
A criança que é anterior aos tempos preenche o tempo ao coração de sua mãe,
A respiração humana penetra aquele que é o primeiro motor.
Maria, laboriosa de seu fardo, que foi concebido do Espírito Santo,
Se retira para longe da vida dos homens ao fundo do oratório subterrâneo,
Como a pomba do Cântico que se refugia na alcova da muralha.
Ela não se move ou diz palavra alguma, ela adora.
Ela é interior ao mundo, para ela seu Deus não está mais no exterior,
Ele é a sua obra e o seu filho, seu pequeno, fruto de suas entranhas!
[...]
Deus penetra como um ladrão neste paraíso da morte.
É uma mulher que foi ludibriada, é agora mulher que ludibria o inferno.
Ó Deus escondido na mulher! Ó elo de tamanha ligação.
Jerusalém o ignora, mesmo José não o suspeita.
A mãe é toda de seu filho, e recebe o seu movimento inefável.
PAUL CLAUDEL, Corona benignitatis anni Dei
Hymne du Scré-Coeur, 15º ed., p. 64