A lei do Amor: 69ª Reunião do Grupo de Leitura de São Paulo
Queridos amigos!
Refletir em grupo sobre o Amor, segundo o pensamento profundo de Thomas Merton, foi uma experiência maravilhosa na reunião de sábado, 08/06!
A palavra RECOLHIMENTO norteou todo o encontro, e experimentamos um verdadeiro crescimento no Amor.
Linda reunião! – foi a expressão espontânea de Antonio Carlos Fester, no final.
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A abertura da reunião foi feita pela Laura, que leu o poema do poeta místico indiano Kabir, do sec. XV, que ela já tinha encaminhado ao grupo, e cujas palavras nos remetem ao que temos aprendido com Merton. (veja o poema)
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Em seguida, lembrando que estamos peregrinando o sétimo ano do nosso GLPTM, cada um teve a oportunidade de expressar o que apreendeu de Merton e que já se tornou realidade em sua vida, independente do ano em que começou a participar do grupo.
Afloraram palavras fortes, como LIBERDADE, ENTREGA, GRATIDÃO, FÉ, entre outras.
Pudemos conhecer momentos e maneiras diferentes em que cada um tomou conhecimento da existência de Thomas Merton, alguns bem jovens, como Wilson, aos 15 anos, através da autobiografia de Merton, que chegou a suas mãos através de sua irmã. Orlando elogiou a maneira como Merton fala de Deus, sem constrangimento. Vicente e Laura já liam Merton antes de conhecer o grupo, Antonio Carlos Fester até decidiu ser padre depois de ler um livro de Merton. Enfim, a característica comum é que foram marcantes os encontros com Merton, na vida de cada um.
Lembrei-me que foi assim também o encontro do fundador da SAFTM – Sociedade dos Amigos Fraternos de Thomas Merton, Waldecy Gonçalves, quando encontrou por acaso o livro “Homem Algum é uma Ilha” (Cristóvão Junior, Mertonianum 100, Riemma 2015, p. 20).
Não disse durante a reunião, mas eu também o encontrei assim, num livro achado ao acaso numa livraria – o último – e embora tenha encontrado outros livros dele para comprar na faculdade de Teologia, nunca ouvi falar de Thomas Merton por lá…
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PARTILHA DO TEXTO
O texto inicia mencionando a irrupção da Lei sobrenatural do Amor na Lei da Natureza e afirma, no último parágrafo da p. 139:
“… a Lei do Amor é a mais profunda lei de nossa natureza. Não é algo estranho e alheio a nossa natureza. Ela nos inclina a amar livremente. A exigência mais profunda e fundamental da lei divina em nossos corações é que alcancemos nossa plena realização, amando.”
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O TEMPO
Houve unanimidade do grupo quanto à importância do texto sobre a progressão do Amor (p. 140, § 2):
“As exigências do amor são progressivas.
No início, amamos a vida, amamos a sobrevivência a qualquer preço. Assim, devemos, em primeiro lugar, amar a nós mesmos.
Porém, à medida que crescemos, devemos amar os outros. Devemos amá-los encontrando nisso nossa própria realização.
Em seguida, devemos amá-los de maneira a realizá-los, a desenvolver neles sua capacidade de amor; finalmente, devemos amar a nós mesmos e aos outros em Deus e para Deus.”
Compreendemos que o amor vai crescendo ao longo da vida, existe um amadurecimento no amor até que amemos “a nós mesmos e aos outros em Deus e para Deus.”
Merton fala sobre QUEM devemos amar. Para o amor ser livre, devemos ESCOLHER o objeto do nosso amor. Diz ele (p.140, § 4):
“Nossa escolha está limitada a certas possibilidades definidas. No entanto, podemos e devemos amar aqueles com quem, de fato, nos encontramos, seja como amigos, seja como pessoas amadas apesar de sua hostilidade.”
Por outro lado (p. 141, final), “a Lei do Amor não é mera Lei da Vontade. Crescer não é mero crescimento da vontade. O amor é ao mesmo tempo, dependente e livre. Depende de valores objetivos e cria, também em seu íntimo, novos valores.”
“A Lei do Amor é a lei que nos ordena acrescentar novos valores ao mundo que nos foi dado por Deus, através do poder criativo que Ele colocou em nós – o poder da alegria na resposta, na gratidão, no dom de si.” (p. 142)
Também conversamos sobre a Parusia, se devemos ou não esperar pelo “fim dos tempos”, se haverá de fato a volta de Jesus e instalação do Reino de Deus definitivo. Alguns pensam que não será assim de uma vez, e houve também a pergunta sobre se esse fim não se daria na hora da morte de cada um.
O próprio Merton dá a resposta no 1º parágrafo do subtítulo “Venha a nós o vosso Reino”, na p. 142:
“O reino já está estabelecido, porém, não definitivamente manifestado – permanecemos num tempo de desenvolvimento, de opção e de preparação.”
Assim como mencionou a progressão das exigências da Lei do Amor NO TEMPO, aqui também Merton afirma que o Reino de Deus se desenvolve NO TEMPO – onde permanecemos – e esse desenvolvimento depende de todos nós, da nossa resposta ao Amor de Deus, amando-nos uns aos outros como Jesus nos amou.
Quanto à manifestação de Jesus no final dos tempos, há fé, mas não se sabe como será, nem quando.
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A ETERNIDADE
Verificamos que em todo o texto se repete o tema do TEMPO, seja como facilitador ao amadurecimento (progressão do amor e desenvolvimento do Reino), seja como contraste entre passado (evangelho escrito), momento presente (novidade do evangelho) e futuro (parusia).
Ao mencionar o Evangelho (p. 146), aparece o contraste entre o antigo, ultrapassado, e a novidade, a notícia atual! O Evangelho não deve ser visto como um texto antigo, mas como um anúncio, uma notícia, uma boa nova!
“Completou-se o tempo, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Marcos 1,15).
“Evangelho é a proclamação de algo absolutamente novo, eternamente novo.”
A frase acima adiciona o tema da ETERNIDADE: “o Evangelho é eternamente novo”, seja em qual tempo estivermos! Tornou-se atemporal, então, e a eternidade encontra o TEMPO no coração dos que seguem Jesus Cristo.
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PRINCÍPIO
Permanecemos no TEMPO, mas podemos ser o lugar em que o antigo e o novo se encontram!
“Se for apenas ‘tradição’ e não boa-nova, notícia, não foi pregado, ou não foi ouvido – não é o Evangelho.” (p. 147)
“Qualquer palavra que venha de Deus é notícia!”
“A vida do Evangelho está em sua novidade.”
“O antigo e o novo se encontram na METANOIA, a transformação interior que se realiza pela audição da palavra de Deus posta em prática. O que é mais antigo é também mais novo porque é o PRINCÍPIO.” (p. 146, último §)
Aqui Merton introduz o importante conceito da atemporalidade do PRINCÍPIO, que traz a nós a eternidade no tempo, sendo PRESENÇA DE DEUS EM NÓS!
“Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim.”
Deus é o Senhor do tempo e da eternidade.
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A NOVA DIMENSÃO DO AGORA
Essa junção do tempo e da eternidade em nós, manifesta um novo AGORA.
“Que faz o Evangelho ser novidade? A fé criada em nós por Deus e com a qual o ouvimos como novidade. Essa aceitação da fé, esse novo nascimento no Espírito, abre uma nova dimensão, na qual o tempo e a eternidade se encontram e na qual todas as coisas são renovadas: eternidade, tempo, nós mesmos e o mundo em torno de nós.” (p. 147, penúltimo §)
O texto acima deixou o grupo maravilhado, pela sabedoria e profundidade do conteúdo, em poucas palavras. Ao mesmo tempo, foi nos conduzindo para uma síntese de tudo que foi sendo tecido anteriormente.
“Agora, é o julgamento do mundo, e a maior novidade, a mais nova das boas-novas, pois é o simples e imperscrutável coração de todo ‘agora’, a vida e o pulsar do coração de toda história e de todo homem, e de toda raça e de toda nação.
O Evangelho é a notícia à qual, se quero, posso responder agora, com perfeita liberdade, dizer ‘sim’ ao amor redentor de Deus pelo homem, em Cristo.
Posso, agora, elevar-me acima das forças da necessidade e do mal para dizer ‘sim’ à ação do Espírito, que está atuando na transformação do mundo, mesmo em meio à violência, à confusão e à destruição que parecem proclamar sua ausência e sua ‘morte’. ” (p. 148)
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O Prof. Catão nos lembrou que esse livro passa a impressão de um conjunto desconexo de textos, obtidos das reflexões de impressões apanhadas aqui e ali no dia a dia de Merton, porém na verdade não é assim. Segundo ele, há uma conexão inteligente entre os fragmentos de textos, em todo o livro.
Essa conclusão não condiz, inclusive, com o verbete sobre o livro, do Diccionario de Thomas Merton (Mensajero, 2015), que afirma a desconexão e inacabamento dos textos.
Nas páginas que partilhamos hoje, entretanto, a conexão entre os textos ficou muito clara para nós. Vimos os temas do Tempo, da Eternidade e do Encontro entre ambos em nós, no novo agora, sendo gradativamente tecidos nos diversos textos sobre a progressão do Amor, a Parusia e o Evangelho!
E a frase final das páginas que partilhamos, que é o final da Parte II, fecha com chave de ouro essa Parte, com uma resposta à frase inicial, uma citação de Albert Camus, que justifica o próprio título da Parte II.
Título da Parte II: Verdade e Violência: Era Interessante
Frase inicial: “Um sábio oriental costumava pedir à Divindade, em suas orações, tivesse a bondade de poupar-lhe viver numa era interessante. Como não somos sábios, a Divindade não nos poupou e estamos vivendo numa era interessante.” Albert Camus
Frase final da Parte II: “Não vamos subestimar nossa era, a era do desastre e da realização plena, chamando-a de ‘interessante’.” Thomas Merton
Ou seja, nossa era, desde o evento Jesus Cristo, já é a era escatológica, estamos vivendo o “final dos tempos”, era de julgamento, ‘desastre e realização plena’, muito mais do que uma mera ‘era interessante’!
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O fechamento da reunião ficou a cargo de Wilson e Rachel, e foi lido um texto de Cristóvão Júnior, com três lindas experiências de Thomas Merton, muito tocantes, do livro “A Montanha dos Sete Patamares”.
Peço a Wilson e Rachel, se for possível, que enviem ao grupo o texto que foi lido por vocês.
Antes do fechamento, foi pedido que cada um dissesse uma palavra para avaliar a reunião. Todas foram muito significativas.
Peço aos amigos que estiveram presentes, que se quiserem, respondam com sua história do encontro com Merton e sua palavra de avaliação da reunião. Sinceramente, não me lembro de todas… Sorry… Fiquei apenas com a expressão do Fester. Orlando disse “Vivência”. Foi uma reunião profunda, trouxe “insights”!
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Fizemos a foto e após, o lanche típico de festa junina, com vários quitutes muito gostosos!
A próxima reunião será realizada dia 13/07/2019, e partilharemos as páginas 149 a 165, final do 3º §, que iniciam a Parte III do livro “Reflexões de um Espectador Culpado”. Essas páginas foram escolhidas com a orientação do Prof. Catão; ele explicou que a continuidade dessas páginas adentra um novo conteúdo importante, que é o Ecumenismo, por isso as deixaremos para a reunião de agosto.
As páginas escaneadas estão podem ser conferidas abaixo, para quem não possui o livro. (9 folhas)
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Estiveram presentes na Reunião 69, em 08/06/2019:
Francisco e Laura, Wilson e Rachel, Célia e Orlando, Débora Raquel, Eliane, Antonio Carlos e Vicente. Débora infelizmente não aparece na foto, porque precisou sair um pouco mais cedo.
Sentimos falta da Elisa, que teve um compromisso e não pode comparecer.
Sentimos falta também da Amália, que não pode comparecer por motivos de saúde.
Foi sugerido até fazermos uma reunião na casa dela, quando estiver impedida de comparecer.
Entretanto, por telefone, ela comunicou que está com esperança de melhorar, para comparecer à próxima reunião, e que estava rezando bastante ao Espírito Santo por todos nós e pela nossa reunião.
Maria Luiza Marcílio avisou que não poderia comparecer, porque está na Europa.
Stella nos desejou boa reunião e Maria Cecília deverá vir em julho.
O amigo Dante Guelpa desculpou-se por não ter comparecido à reunião, e promete estar presente dia 13/07.
Sentimos falta de todos que não participaram da Reunião 69 e os aguardamos em julho, para a reunião 70! Comecem a ler as páginas para a próxima reunião, que estão anexadas (p. 149 a 165-3).
Com carinho, no Espírito de Jesus,
Célia e Orlando
GLPTM-SP – Grupo de Leitura Partilhada de Thomas Merton de São Paulo
Comunidade de Amor leve e forte, da Força que nos vem de Deus!